quarta-feira, 29 de abril de 2015


Como não perder essa mulher: Não é só um besteirol americano!

O romance de "Como não perder essa mulher" (Título original: Don Jon) te apresenta a Jon (Joseph Gordon-Levitt) um feliz solteirão que vive intensamente quando o assunto é sexo. Forte sedutor e louco por mulheres em geral, Jon é apaixonado pelo prazer a dois na cama, mas seu grande amor é a pornografia. Adepto de uma distinta filosofia, ele acredita que por mais que a verdadeira relação sexual seja boa, nada se compara à pornografia porque, segundo ele, não existem mulheres como as expostas nos sites do vasto mundo da web. Ele nunca tinha recebido um "não" até conhecer Barbara (Scarlett Johansson) que parecia ser a representação da mulher perfeita, cheia de mistérios e uma sensualidade à flor da pele. Decidido a conquistá-la a qualquer custo ele se submete a mais terrível das situações que um dia pôde imaginar: Namorar sério. É quando sua vida "perfeita" começa a tomar outro rumo e ele descobre coisas sobre si que jamais sonhou saber.


Tá legal! Quem acha que esse é mais um romance como os outros está muito enganado, nele não há nada de convencional! Geralmente os filmes românticos exploram a visão feminina da coisa, trazendo todo aquele encanto, aquela pureza do nobre sentimento e aquele mamão com açúcar que emocionam as eternas apaixonadas. Essa produção traz a ótica masculina no campo do amor e da conquista, sem aquela velha história de rosas e cartões perfumados; um romance moderno, bem adequado aos dias de hoje.

Jon é um personagem bem real, daqueles que você encontra nas noites de sábado numa boate qualquer. Eles e seus amigos buscam os prazeres que a vida noturna proporciona sem os apegos que ela pode também oferecer, e é numa noite como outra qualquer que ele avista Barbara, uma linda e intrigante mulher que fazia das outras invisíveis. Jon não perde tempo e exibe sem falha a sua lábia rotineira conseguindo a atenção e algumas liberdades da linda mulher do bar. Certo de que a noite estava ganha ele convida a moça para o grande "finale", é quando Barbara mostra que de fato, ela era diferente das garotas que era acostumado a sair.

A noite termina com outra em seus braços, mas em sua cabeça ela nunca terminou. Após mover mundos e fundos ele enfim descobre uma forma de reencontrar a dona do "não" mais assombrado de suas aventuras. Como antes, sua lábia lhe mantém no jogo, mas não é o suficiente pra marcar o sonhado gol, ele começa entender que vai precisar de muito mais pra ter o que deseja e sem que perceba se vê num desajeitado namoro; algo completamente novo.

Jon é o tipo de cara que vive uma vida noturna, mas que não abre mão das bençãos dos dias. Ele, católico "praticante", frequenta Missas e se confessa semanalmente, entregando sempre ao confessor os mesmos pecados que trazem as mesmas penitências. Ele sempre amou a segurança e o controle que a rotina lhe dava, num ciclo vicioso sem fim e sem mudanças. Vícios que despercebidos tomavam toda sua vida. Jon só obtinha o orgasmo pleno assistindo pornografia; exemplo disso são as cenas em que, depois do sexo com a mulher ainda em seus braços, ele se ausenta em silêncio e se satisfaz escondido diante de um computador; tudo terminado, ele podia voltar com um sorriso no rosto pra debaixo dos lençóis.


Vício não percebido por ele e sim por Barbara que transtornada encara aquilo como traição e pede o fim do namoro, deixando o rapaz em confusão interna. É quando ele começa a ter ciência de que o modo que sua vida segue o mantem cativo e o impede de ser feliz, de ser diferente, de progredir e de ser alguém de verdade.

Jon me fez refletir sobre algo que acredito acontecer na vida de todos; Às vezes achamos que a segurança da rotina nos faz feliz, quando na verdade é ela quem impede que a felicidade venha. Todos os momentos da minha vida em que fui muito feliz, vieram sem aviso, sem data marcada e acho que por não esperar, fui feliz. Foi o que ele começou a descobrir sobre si mesmo, aos poucos se libertando do cativeiro que ele mesmo construiu, perdendo o controle das coisas e impedido também que elas o controlassem.


Sua família, apesar de representar fortemente a típica união americana, pode se comparar também ao padrão de família do mundo; cheia de conflitos, ausências, carências e companheirismo. Teve um bom destaque que, assim como na vida real, veio pra dar explicações ao tipo de vida que Jon se via incluso; afinal, somos filhos de nossos pais. Não é o tipo de filme pra rir, não o encarei como comédia, mas não me foi possível conter as boas gargalhadas nas cenas em que a indiferente irmã de Jon, Monica (Brie Larson), apareceu inerte em seu celular (destaque em vermelho na foto). É simplesmente assim o filme inteiro! Ela não tem fala, mas seu olhar fala mais que toda a família junta, do tipo: Mas que gente mais otária! Não importa o local; se em casa ou na igreja, lá estava ela perdida e indiferente e eu do outro lado rindo como nunca. E quando ela finalmente fala, mostra aquilo que eu já desconfiava: ela era a mais inteligente da família e por isso ficava em silêncio, não tinha assunto! rs

Na suas descobertas pessoais, Jon acaba conhecendo Esther (Julianne Moore) que, mais madura, o ajuda nesse acidental novo passo que dá. Ela traz uma bagagem maior e escuridões mais profundas que o jovem rapaz, que de início, tenta se abster dela mas acaba sempre em seus conselhos. Jon enxerga nela um auxílio que pode fazer com que sua vida mude de vez e pra melhor.

Somos todos imutáveis até que mudamos! rs


Acho que a mulherada vai enxergar o universo masculino com outros olhos e vai poder compreender melhor seu parceiro! Pois em cada homem mora um pouco de Jon.

Indico.




sábado, 25 de abril de 2015



O Candidato Honesto: O humor fica apenas no filme...

João Ernesto Praxedes (Leandro Hassum) é um brasileiro como eu e você que nasceu, cresceu e colheu os frutos desta grande nação chamada Brasil. Com a "desculpa"de fazer do país um lugar melhor, ele busca seus interesses próprios banhando-se no mar da corrupção política que o leva a candidatura presidencial com altíssima aprovação popular. Habituado a mentir desde muito cedo sobre tudo, João, em segundo turno eleitoral, está convicto de que tem as palavras certas pra levar o "título", só não contava que em leito de morte sua avó antes de partir lhe jogaria uma "mandinga" que o impediria de contar qualquer mentira, por menor que fosse. O dilema dele agora é apenas um: Como ganhar na mentira a nação quando se está cheio de verdades pra contar?

A produção brasileira traz os ingredientes perfeitos para boas gargalhadas: A distinta atuação de Leandro Hassum, a falsa ficção de uma grande verdade e aquela pitada na medida certa de humor! Acredito que Leandro Hassum arranca risos de toda equipe enquanto atua, me parece aquele tipo de pessoa que traz o humor no sangue e o distribui por trás das câmeras; o verdadeiro humorista.

O filme te instiga risos desde o início, mas que no meu caso só vieram depois que o então Candidato João Ernesto fica impossibilitado de mentir, acordando numa manhã e reconhecendo-se um "bosta" diante do espelho. À partir dali seria um festival de verdades medonhas, como as que escondia da esposa que não era visualmente afortunada. Mesmo recheado de graça, achei fraca a criação de uma personagem como a dela no intuito de fazer rir, porque uma das características de poderosos políticos é a companhia de belas mulheres, e ainda que isso não seja uma regra, suas esposas costumam ser "bem cuidadas". Desnecessário diante do mar de gozação que o meio político pode oferecer.

Logo o João Ernesto adquire a pessoa política que todo brasileiro gostaria de ver: Um honesto que não falta com a verdade. Ele, no entanto, não está nada contente com isso. A verdade é algo de grande apreço e distingue com louvor do resto aqueles que a praticam. Nem sempre é fácil caminhar nessas "estradas esburacadas", e à medida que conquistamos amigos, podemos perder muitos com o "exercer da opinião" própria. Mas uma pessoa como o João que sempre mentiu sobre tudo com um sorriso no rosto esse ato foi catastrófico, perda total.

Após perder o apoio político de muitos "colegas"e se esconder de uma população indignada que descobre por sua própria boca seu envolvimento em uma sujeira política batizada de "Mesadinha", João começa a olhar a vida com outros olhos e voltar ao início de sua caminhada, quando possuía, sim, boas intenções que foram convertidas pelo modo de vida da tripulação do barco que navegava. Uma frase interessante que evidencia isso é uma cena em que ele diz, em cadeia nacional, a um outro colega: "De tanto se sentar com gente desprezível, uma hora você vira uma pessoa desprezível". Assim, pra mim, ele definiu a politicagem brasileira. Não adianta suas boas intenções, seus bons projetos, sua ideologia de trabalho e suas metas; porque por mais que o corpo seja saudável se houver um câncer escondido, uma hora tudo morrerá. O sistema está doente e assim estará seus membros. Belamente o filme retratou, ainda que muito superficialmente, um mundo que não tem data pra mudar destacando o erro que se concentra na célula mãe, ainda mais difícil de curar.

Bem de leve, nos mostra o poder da Influência Política e sua prima Mídia que faz alguém ou o destrói. Em uma cena que a jornalista Amanda (Luiza Valdetaro) ameaça expor o candidato com as informações que possui, um deles deixa claro que a sujeira está mais funda do que se pode imaginar: Com um sorriso debochado, ele manda felicitações ao diretor master do jornal/tv, diretor esse que mais tarde é visto almoçando com a nobreza política aos risos. Não há saída? Perda de fé rs.



Fé! Um dos momentos em que mais ri foi a representação dos ditos cristãos políticos que cobertos pelo manto sagrado de Deus usam da mesma lama para crescer, só que pra eles isso tem outro nome: Benção. Minha gente, a desculpa divina é a mais fácil de todas, porque eu falo por Deus, expondo seus pensamentos, e os pensamentos de Deus é algo que ninguém tem acesso. Fácil! Quem vai me contradizer? Deus pode não me aprovar, mas também não reunirá uma coletiva para dizer: "Eu nunca disse isso a ele!"

O Brasil é um dos países mais cristãos do mundo, a religiosidade tem grande poder em nosso solo e lobo que é lobo sabe como conquistar as ovelhas. Comigo funciona exatamente o contrário: Quando vejo Deus na boca de qualquer um de terno e partido me vem um imediato desgosto e repulsa. Acho que os dois não moram na mesma casa e como inimigos dotados de diferentes desejos, traçam caminhos inversos.

O assunto é vasto quando se trata de corrupção política no Brasil. Eu poderia ficar páginas e páginas dando uma leve comentada, mas acredito que já dei a entender que com humor, essa produção brasileira nos dá uma ideia do que acontece com muita seriedade. 

Acho sinceramente que vale a pena conferir! Te distrai, te faz rir e te faz pensar! 

Mas que fique claro apenas uma coisa: O Humor fica apenas no filme!

Indico.






quarta-feira, 22 de abril de 2015


Gravidade:  Deixe meus pés bem quietinhos no chão!

O angustiante "Gravidade"(Título original: Gravity) te leva fora dos limites terrestres e te dá a vista privilegiada do planeta mãe: Terra. Vista essa contemplada por Matt Kowalski (George Clooney) e Ryan Stone (Sandra Bullock) que juntamente com sua equipe estão em missão de conserto ao Telescópio Hubble. Matt já carrega nas costas a experiência de um verdadeiro astronauta enquanto que a Dra. Stone foi treinada e designada para aquela missão em específico. Juntos em atividades externas, são surpreendidos por uma chuva de destroços decorrentes da aniquilação de um satélite por um míssil russo que em órbita adquirem uma velocidade mortífera. Sendo duramente atingidos, os astronautas perdem conexão com a nave e são atirados na imensidão do espaço, onde não há som, não há oxigênio e nenhuma chance de sobrevivência. Literalmente sozinhos, Matt e Ryan tentam buscar alternativas que os levem de volta a segurança do solo terrestre.

O filme começa sem enrolação, sem perdas de tempo na explicação do que está acontecendo ou sobre os traumas e alegrias que compõe cada personagem, melhor dizendo, a introdução cansativa de muitos filmes é poupada, isso acontece à leves dosagens durante a história e assim como conhecer alguém pela primeira vez, você vai descobrindo cada falange. Ele vai direto ao ponto, ao que realmente interessa e já te segura nos primeiros minutos. Ponto comigo logo de cara! Gosto da não massificação de cada rosto nos filmes.

A Dra. Stone não demora pra entregar o jogo sobre sua presença ali, mostrando que não é astronauta por profissão, o que faz dela quase que uma "civil"capacitada. Achei importante a escolha de uma personagem como a Dra. Stone, porque ela representa eu e você na situação; alguém que não entendia das aventuras espaciais e que só se via naquela situação por poder oferecer algo diferenciado. Ora, essa possibilidade não poderia existir em nossa simplória contribuição terrestre? Foi a brilhante maneira que a produção encontrou de conectar você à personagem, te dizendo: Ei, essa poderia ser você! Imagine você ali solto no espaço! O que você faria? O medo dela é o seu! Veja o desespero!"

E eles acertaram em cheio.

Assisti sozinho o drama dos astronautas, me pegando certos momentos apertando o lençol da cama ou trincando os dentes como que se eu fosse receber o impacto. Fui roubado. Não tive como não me imaginar naquela situação. "Como essa mulher vai sair dali?" preocupava-me. Para a sorte da Dra. Stone,  Matt, experiente, consegue acesso ao seu corpo flutuante; ela o vê como um sol no dia mais escuro. Sorridente em meio a gravidade da situação, ele tenta acalmá-la distraindo-a com assuntos pessoais; amores, família, projetos e sonhos. E só aí, vem a apresentação deles à nós. Prazer!


Ah os efeitos do filme!! Em alguns momentos, mesmo naquele pavor todo, você deseja ser um deles somente pra ter a visão do que é a terra, pelo menos do que eles apresentaram. Não foi à toa que a produção levou as merecidas estatuetas do Oscar. E pensar que tudo foi gravado em um estúdio escuro, conforme as palavras de Sandra Bullock numa entrevista casual.

Grandiosidades artísticas à parte, Gravidade te prende até a metade da trama, quando o filme começa a ter espaços longos de cenas entediantes que me fizeram bocejar e fugir a atenção. No espaço tudo é muito devagar, tudo é muito silencioso e além dos personagens em questão, ninguém mais aparece. O filme te dá realmente a solidão que o ambiente oferece e o silêncio que te presenteia. Resultado? Um show particular de Sandra Bullock e George Clooney, mais destaque para ela, no entando!


Ela te emociona, te desespera, te faz ter esperança e, como antes dito, ela carrega você na personagem, te representa nas emoções fora da esfera terrestre. Essa premiada atriz, não decepciona, e sem medo de errar, afirmo que: Se não fosse ela escalada pro papel, o filme seria uma chatice sem precedentes, e não seria o sucesso que foi. Do início ao fim, você sente tudo com ela.


Pessoal, o filme é muito bom mesmo! Existem momentos, sim, que você fica entendiado. Mas é preciso entender que no espaço o ritmo é outro, a vida é mais lenta, e assim, seus acontecimentos. Essa foi a intenção real do filme: Te fazer sentir-se literalmente no espaço. Talvez se você não levar isso em conta e não embarcar nessa realidade, vai deixar de apreciar um belíssimo filme.


Indico!

Trapaça: Me leve aos setenta!!

A inteligente produção "Trapaça" (Título original: American Hustle) te transporta aos dourados anos setenta e te apresenta a Irving Rosenfeld (Christian Bale) e à sua parceira de negócios e amante. Sidney Prosser (Amy Adams). Grandes trapaceiros, os dois vivem da inteligência própria e da ausência dos demais, dividindo não somente suas conquistas profissionais mas também a paixão irresistível entre eles. Mas nem todos carecem de inteligência. Numa fracassada tentativa de mais um golpe, os espertos trapaceiros são descobertos pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper) que decidido a fazer carreira em cima dos capturados, os força a colaborar nos seus audaciosos planos de destruir a mafia e os políticos corruptos da época. É quando cruzam com o candidato do povo Carmine Polito (Jeremy Rener) que inocente se torna porta de entrada para um jogo perigoso onde ausência de intelecto não mais é encontrado. Ainda que meticulosos planos sejam criados e o jogo de cintura seja a segunda língua, sempre se deve contar com o fator surpresa que nesse caso se chama Rosalyn Rosenfeld (Jennifer Lawrence), a explosiva e imprevisível esposa de Irving que entra na história como um tufão e muda as regras do jogo. Nessa brincadeira de gato e rato, de esperteza e ingenuidade, fica de pé quem mais trapacear.


A primeira vez em que ouvi falar de Trapaça foi na festa do Oscar de 2014. Ele trazia na noite várias indicações, ganhando espaço, em particular, em quatro com grande peso: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante. Pensei: Uau! Esse filme tem o que de tão especial? Não conseguia ver nada de interessante nele, a não ser, é claro, o poderoso elenco. Quando no fim da noite ele não levou nenhuma estatueta, constatei: Ah tá explicado... Era só o bom elenco! À partir daí, nunca mais pensei em Trapaça, até vê-lo anunciado como lançamento na tv fechada. Novamente, outro desdém.

Foi quando num fim de semana em casa, ocupado na internet, comecei acidentalmente assistir o tal cheio de indicações. Logo, meus olhos não mais se desgrudaram da tela e facilmente me vi envolvido nas inteligentes armações de Irving e Sidney. Encarregados dos papéis de vilões, despertaram o contrário em mim... De repente me vi torcendo pelos trambiqueiros que de fácil lábia ganharam até quem não devia; eu.

Quando o agente do FBI Richie entra na história a coisa toda adquire novo brilho, porque te faz querer ver como aquilo tudo vai se resolver. Ele entra como o novo capitão do barco, absoluto de poder e ditador das regras. Via Irving e Sidney como seu primeiro prêmio, mas ambicioso, queria bem mais que um. Sedento de sucesso profissional, ele vê a chance no famoso casal da inteligência do crime a oportunidade de chegar a leões mais fortes. Ele fornecia as possibilidades e o casal conhecia os melhores métodos.



Mas quando então é formada essa parceria, fica claro quem é o mestre e quem é o aluno. Pequeno diante do bem sucedido casal, Richie tem um mundo novo a aprender, o mundo da arte do engano que lhe causa admiração, questionamento e entrega emocional. Uma das explicações sobre o engano que acho digno contar é esta cena acima: Na ida ao museu, Irving(direita) chama a atenção de Richie(esquerda) para uma famosa pintura na parede, afirmando ser uma cópia fiel. O agente não esconde a surpresa e a confusão, por se tratar de um trabalho impecável, e não acreditando o indaga se fala a verdade. Ele lhe devolve a seguinte pergunta: "Me diz então: Quem é o verdadeiro artista?" elevando o falsificador sobre o autor.

Devo concordar!! Contra todos os meus princípios ! rs Esse Irving...!

O filme carrega uma infinidade de assunto que devo peneirar, e passando adiante, deixo Richie e seus abismos na trama e me recaio sobre essas duas jóias:


Sidney(direita) é loucamente apaixonada por Irving, mas por estratégia acaba se envolvendo com Richie (Abismos do Richie). Mas ela não é esposa oficial do sócio, esse lugar cabe ao furacão Rosalyn(esquerda) e juntas vivem a tão comum rivalidade pré-histórica da "Atual x Outra". Uma traz a prudência e a outra o descontrole. Diferentes no ser; iguais no sentir.

Gosto da Sidney e alguns momentos, até torci por ela. Mas a Rosalyn me perturba, me desorbita e me instiga, porque não dá pra saber o que ela está pensando, ou o que ela está prestes a fazer. Sem preocupação com a opinião alheia, ela respeita apenas à sua vontade e não tem medo de dizer a verdade ou o que pensa a qualquer um. Se convivêssemos, tenho certeza de que seríamos amigos, eu me esforçaria pra isso rs (atração pessoal por pessoas assim). Trazendo uma loucura mais sã que já vi e um humor mais sério que ri, a Rosalyn me conquistou.

Louca ou não, acredite: Ela tem papel fundamental no desfecho do enrolo! E você acha o filme todo que ela é só uma louca com esmaltes perfumados! rsrs

Existem outros personagens que são ímpares na história como Candidato Carmine, responsável por outro "abismo" na obra. Mas acho que já me fiz compreender e por aqui encerro.


Sendo assim, não preciso nem dizer que super indico o filme, né?





terça-feira, 21 de abril de 2015


Loucas pra Casar:  Por essa eu não esperava!

A produção brasileira traz grandes nomes como Ingrid Guimarães, Susana Pires e Tatá Werneck que unidas por um mesmo sentimento acabam vivendo deliciosas loucuras. Ingrid dá vida à Malu, mulher de 40 anos que encontra no seu chefe Samuel (Márcio Garcia) o grande amor de sua vida. Ciente da sorte que possui e disposta a manter seu sonho realizado, Malu lida com a preocupação do pedido de casamento que parece não ter data pra chegar, e essa preocupação se torna pânico, quando na sua obsessão descobre a falta de algumas camisinhas no estoque do namorado, que costuma contar. Certa de que outra mulher compete seu sonho, ela contrata um detetive particular que desvenda a existência de mais duas mulheres: A sensual dançarina de boate Lúcia (Suzana Pires) e a fanática religiosa Maria (Tatá Werneck). Juntas elas proporcionam cenas hilariantes na divertida disputa pelo homem dos sonhos, no desejo que une todas as mulheres num só: Casar! Mas apenas uma poderá subir no altar... Um pedaço de cada mulher sonhadora "Loucas pra Casar" traz nesse divertido filme!


A obra me cativou no mesmo instante em que vi o Trailer! As atrizes sempre arrancaram de mim em outros trabalhos, boas gargalhadas e admiração nunca deixei de esbanjar por cada uma. Imagine as três juntas! Pensei.

O filme toma cor quando Malu, após constatar a existência das duas mulheres que ameaçam seu futuro, se envolve em frustradas tentativas de mostrar às moças que ela ocupa lugar de verdade no coração de Samuel, que parece ter a mesma importância no delas. Fracassada, ela dá partida numa gostosa competição onde cada uma deve expor o seu melhor pra conquistar Samuel, confiante, no entanto, de que já era a grande ganhadora.


Loucuras à parte, nada impede que as três cheguem juntas ao dia do casamento que separa lugar para apenas uma no altar. Mesmo depois de todos os esforços, de todos os acordos e de até certa amizade nascida entre elas, o pedido de casamento bate a porta das três, que sentindo-se escolhidas distribuem sorridentes "SIMs".

Erra feio quem pensa que é um filme bobo com a única proposta de entreter e fazer rir. De início, é o proposto com o divertido enredo que te distrai instantaneamente, mas à medida que a trama se desenvolve, você percebe que há mais por trás das "louquinhas" noivas e chega à conclusão de que o humor foi uma criativa isca... O peixe viria depois.

Numa vida onde estamos acostumados com os "certos" esperados, em que tudo é muito previsível e nada deixa de ser dedutível, gosto quando ao menos na arte sou pego de surpresa. Quem sabe a felicidade não esteja escondida na perda do controle? Queremos tomar conta, queremos cuidar, queremos prevenir, queremos evitar, queremos estar preparados, queremos dominar... E nessa de querer se proteger, deixamos de lado a felicidade que vem sem aviso, que não bate à porta, que sem alardes, nos encontra... Na defesa, evitamos por muitas vezes nossas dores, mas com certeza jogamos fora muitos sorrisos na mesma proporção.

Às vezes criamos um mundo à parte que nos premia e que nos flagela, que nos faz reis e rainhas ou que nos mantém cativos... Quando isso acontece, a realidade, de cara, é feia... Mas como já li ou ouvi essa frase em algum lugar e não me recordo; "A beleza está nos olhos de quem vê"

Cinema brasileiro tem me trazido grande alegria! Que venham mais filmes que, assim como esse, me trouxe a boa sensação: Por essa eu não esperava!

#LoucaspraCasar

Super Indico.









segunda-feira, 20 de abril de 2015


ÊXODO - DEUSES E REIS : "Quando é que vai abrir o Mar Vermelho?"

A famosa e épica história do Êxodo hebreu narrada na Bíblia toma novas cores na superprodução estrelada por Chistian Bale que dá vida ao emblemático Moisés, responsável pela libertação do povo hebreu da escravidão egípcia. Assumindo o papel de antagonista, Joel Edgerton encarna o opressor Faraó Ramsés que aclamado como um deus em todo Egito se recusa a perder a servidão hebreia. Moisés, nascido num período de morte, é salvo pela sua família ao ser colocado num cesto às margens do Rio Nilo, que o levou até à filha do Faraó, e compadecida, o acolheu e o tornou filho com o título egípcio. Ele e seu irmão de criação Ramsés, que trazia no sangue a linhagem do trono, receberam a mesma educação e os mesmos privilégios do palácio, ambos traziam grande agrado ao então Faraó. Passado os anos, Moisés desenvolve talentos estratégicos essenciais em batalhas que conquistam o sorriso e admiração do deus do Egito ao mesmo tempo que o ciúme e inveja do seu meio irmão Ramsés, que o vê como um obstáculo para o seu sucesso. Após um inesperado assassinato, Moisés foge em culpa e medo onde dá de encontro com a Figura Divina que o escolhe como agente de seu Desejo: Libertar Seu povo.  Há então o início da grande batalha entre o opressor e o redentor, de irmão e irmão, de Império e Imperador. Seu desfecho trará apenas um resultado: O Egito jamais será o mesmo.

Complicado falar de acontecimentos bíblicos, ainda mais de uma história tão complexa como a contada no livro do Êxodo, porque eles são amplamente interpretativos, vastamente exploráveis e totalmente deduzíveis. Acho que obtenho uma concordância geral quando afirmo que a Bíblia te oferece os detalhes essenciais pra que seja compreensível a mensagem desejada, mas não se atém aos pormenores e é aí que nos aventuramos. Foi o que aconteceu nessa produção.

Uma diferente visão dos acontecimentos foi exibida, com base nos pormenores não fornecidos. Pouco se fala da infância de Moisés ao lado de seu meio irmão, e diferente da história bíblica o filme mergulha no não contado e trabalha numa rivalidade entre irmãos que movimenta o filme e distingue de imediato seus papéis na trama.


Deixando a Figura Divina em segundo plano, a aposta do filme gira em torno dos dois irmãos que lutam por ideais opostos, defendendo cada um aquilo que acha certo. Moisés a libertação de seu povo e Ramsés a continuação de seu Império.

Deus, ainda que não tão em foco, foi retratado por um menino mimado, impiedoso e que mal se aguentava de vontade de flagelar o Egito. Não foi com gosto que recebi essa imagem e isso me incomodou no mesmo instante. Gostei da ideia de uma criança vir em sua forma, mas as atitudes não me pareciam de um Deus. Com base na minha fé, e tendo propriedade nela pra salientar, entendo que o Deus lido nos primórdios apresentava uma figura mais hostil, mas sem traços tipicamente humanos tão eloquentemente mostrados no jovem menino, duro com as palavras e sedento pela ruína egípcia.

Os efeitos visuais no entanto, são de tirar o fôlego. As pragas do Egito são exibidas de forma curiosa e criativa, como por exemplo o massacre voluntário dos crocodilos no Rio Nilo, mudando sua cor, transformando-o em uma enorme poça de sangue.

Apesar da grande história e do extenso material oferecido para uma boa trama, achei cansativa as inúmeras cenas recheadas de monótonos diálogos. Destaco em especial a cena em que Moisés foge para o deserto. O filme parecia já ter alcançado duas horas e tínhamos concluído a metade da narrativa. Quando no íntimo do meu pensamento chegava a exaustão, uma amiga na poltrona ao lado me arranca o riso compartilhando da mesma fadiga, comentando: "E o Mar Vermelho nem abriu ainda!". Percebi algo de errado antes mesmo do início da sessão que se apresentava relativamente vazia. Presságio.

Mas, por fim, o Mar Vermelho se abriu! Eu sorri.

Alerta: Se você não aprovou "Noé", devo informar que "Êxodo: Deuses e Reis" tem por pais a mesma genética.


Não indico.













O Sétimo Filho: Acho que já vi isso antes...

A aventura/fantasia "O Sétimo Filho" nos conta a história de John Gregory (Jeff  Bridges) que pertence à uma linhagem de guerreiros que lutam há séculos contras os seres das trevas que vagam pelo nosso mundo, seres esses que podem possuir formas humanas, como as bruxas. Em sua juventude é responsável pelo grande feito de aprisionar a grande bruxa Mãe Malkin (Julianne Moore), algo que lhe custou muito. Com o passar dos anos ele buscou aprendizes, também descendentes dos "Sétimos Filhos", para deixar seus conhecimentos, truques e coragem, na intenção de nunca ver morta a arte de defender o mundo contra o mal, que sabia que sempre existiria de alguma forma. E nisso ele estava coberto de razão. Após anos a poderosa bruxa Mãe Malkin se liberta e tem pressa de recuperar todos os anos perdidos. John precisa logo achar um aprendiz para que lhe seja passada todas as instruções necessárias para deter o grande mal que já havia conhecido. É quando o destino do inocente fazendeiro Thomas Ward (Ben Barnes) é alterado para sempre. Sendo ele o Sétimo Filho de um dos sétimos, Thomas é a única esperança de John, que desacreditado, não vê no garoto a força suficiente para o grande mal que lhe espreita, no entanto, não há tempo para seleção. Sonhador, Thomas precisa lidar agora com uma nova realidade onde seres de contos de fadas tomam formas e entende que seu mundo perfeito jamais seria o mesmo. Na luz e na treva, no amor e no ódio existem mais proximidades do que se pode imaginar.

O enredo do filme é bem interessante. Histórias lendárias e ocultas na humanidade, sempre atraem muito, exemplos disso são "A saga Crepúsculo", "Dezesseis Luas" e "Harry Potter". A ideia de seres poderosos que habitam na sombra das nossas noites, no sigilo de seus esconderijos, fascina a mente humana que pouco sabe ainda de muita coisa, como o pós morte tão velho como nossos dias. A proposta de "O Sétimo Filho" não é muito diferente disso. Ele retrata a vida humana no meio de uma guerra poderosa de seres dotados de forças maiores.

Mas além da fantasia transbordante nas cenas, existem valores que são abordados de forma cativante.

Quando se escuta a palavra bruxa, nossa primeira imagem é de mulheres cruéis que jamais conheceram o dom maior, amor. O que, assim como foi visto no filme "João e Maria: Caçadores de Bruxas", pode ser igualmente apreciado nessa produção.

Thomas se encanta e perde o coração para jovem bruxa Alice (Alicia Vikander) que assim como ele se vê presa ao sentimento, fazendo-a questionar sobre sua forma de vida e sua escolha entre o bem e o mal. Podemos usar também o exemplo de amor da mãe do Thomas que, por ele, renuncia seus dons e vive uma simples vida humana.

Você pode achar bobagem tirar de um filme tão fantasioso como esse, algo nobre. Bom, me considero com sorte, porque consigo notar mais os pequenos gestos do que as grandes exibições de "mentiras". A arte do filme consiste em tirar dele, algo de verdade onde tudo foi encenado.



Julianne Moore foi uma atuação à parte. Fã de seu trabalho, gostei muito de vê-la na pele de uma vilã tão cruel como as madrastas da Disney. O engraçado é que, o que voltou meus olhos pro filme foi sua participação nele, não tinha intenção de assisti-lo no cinema até vê-la. Após um feliz convite de amigos, pude apreciar mais uma obra sua na telona.

Sim, "O Sétimo Filho" é um bom filme!  Mas nada conseguiu evitar aquela sensação de já ter visto tudo aquilo em outra produção, e essa é a fraqueza da obra. Não existiu nada novo, tudo se tornava previsível a cada cena, e eu enxergava outros filmes nelas."João e Maria: Caçadores de Bruxas" era o mais lembrado, como acima até o mencionei. O amor no coração de uma bruxa por um humano, a bondade possível nelas e a tal da lua de sangue!

Qual é o lance das bruxas e a Lua de Sangue? É sempre o fato decisivo nas histórias...

Eu indico o filme com ressalvas, porque não abrange todo tipo de público. É preciso gostar do gênero do filme para enxergar a beleza dele, pois não oferece imparcialidade. Mas, de novo citando, se você gostou de "João e Maria: Caçadores de Bruxas" vai gostar e muito!