O Candidato Honesto: O humor fica apenas no filme...
João Ernesto Praxedes (Leandro Hassum) é um brasileiro como eu e você que nasceu, cresceu e colheu os frutos desta grande nação chamada Brasil. Com a "desculpa"de fazer do país um lugar melhor, ele busca seus interesses próprios banhando-se no mar da corrupção política que o leva a candidatura presidencial com altíssima aprovação popular. Habituado a mentir desde muito cedo sobre tudo, João, em segundo turno eleitoral, está convicto de que tem as palavras certas pra levar o "título", só não contava que em leito de morte sua avó antes de partir lhe jogaria uma "mandinga" que o impediria de contar qualquer mentira, por menor que fosse. O dilema dele agora é apenas um: Como ganhar na mentira a nação quando se está cheio de verdades pra contar?
A produção brasileira traz os ingredientes perfeitos para boas gargalhadas: A distinta atuação de Leandro Hassum, a falsa ficção de uma grande verdade e aquela pitada na medida certa de humor! Acredito que Leandro Hassum arranca risos de toda equipe enquanto atua, me parece aquele tipo de pessoa que traz o humor no sangue e o distribui por trás das câmeras; o verdadeiro humorista.
O filme te instiga risos desde o início, mas que no meu caso só vieram depois que o então Candidato João Ernesto fica impossibilitado de mentir, acordando numa manhã e reconhecendo-se um "bosta" diante do espelho. À partir dali seria um festival de verdades medonhas, como as que escondia da esposa que não era visualmente afortunada. Mesmo recheado de graça, achei fraca a criação de uma personagem como a dela no intuito de fazer rir, porque uma das características de poderosos políticos é a companhia de belas mulheres, e ainda que isso não seja uma regra, suas esposas costumam ser "bem cuidadas". Desnecessário diante do mar de gozação que o meio político pode oferecer.
Logo o João Ernesto adquire a pessoa política que todo brasileiro gostaria de ver: Um honesto que não falta com a verdade. Ele, no entanto, não está nada contente com isso. A verdade é algo de grande apreço e distingue com louvor do resto aqueles que a praticam. Nem sempre é fácil caminhar nessas "estradas esburacadas", e à medida que conquistamos amigos, podemos perder muitos com o "exercer da opinião" própria. Mas uma pessoa como o João que sempre mentiu sobre tudo com um sorriso no rosto esse ato foi catastrófico, perda total.
Após perder o apoio político de muitos "colegas"e se esconder de uma população indignada que descobre por sua própria boca seu envolvimento em uma sujeira política batizada de "Mesadinha", João começa a olhar a vida com outros olhos e voltar ao início de sua caminhada, quando possuía, sim, boas intenções que foram convertidas pelo modo de vida da tripulação do barco que navegava. Uma frase interessante que evidencia isso é uma cena em que ele diz, em cadeia nacional, a um outro colega: "De tanto se sentar com gente desprezível, uma hora você vira uma pessoa desprezível". Assim, pra mim, ele definiu a politicagem brasileira. Não adianta suas boas intenções, seus bons projetos, sua ideologia de trabalho e suas metas; porque por mais que o corpo seja saudável se houver um câncer escondido, uma hora tudo morrerá. O sistema está doente e assim estará seus membros. Belamente o filme retratou, ainda que muito superficialmente, um mundo que não tem data pra mudar destacando o erro que se concentra na célula mãe, ainda mais difícil de curar.
Bem de leve, nos mostra o poder da Influência Política e sua prima Mídia que faz alguém ou o destrói. Em uma cena que a jornalista Amanda (Luiza Valdetaro) ameaça expor o candidato com as informações que possui, um deles deixa claro que a sujeira está mais funda do que se pode imaginar: Com um sorriso debochado, ele manda felicitações ao diretor master do jornal/tv, diretor esse que mais tarde é visto almoçando com a nobreza política aos risos. Não há saída? Perda de fé rs.
Fé! Um dos momentos em que mais ri foi a representação dos ditos cristãos políticos que cobertos pelo manto sagrado de Deus usam da mesma lama para crescer, só que pra eles isso tem outro nome: Benção. Minha gente, a desculpa divina é a mais fácil de todas, porque eu falo por Deus, expondo seus pensamentos, e os pensamentos de Deus é algo que ninguém tem acesso. Fácil! Quem vai me contradizer? Deus pode não me aprovar, mas também não reunirá uma coletiva para dizer: "Eu nunca disse isso a ele!"
O Brasil é um dos países mais cristãos do mundo, a religiosidade tem grande poder em nosso solo e lobo que é lobo sabe como conquistar as ovelhas. Comigo funciona exatamente o contrário: Quando vejo Deus na boca de qualquer um de terno e partido me vem um imediato desgosto e repulsa. Acho que os dois não moram na mesma casa e como inimigos dotados de diferentes desejos, traçam caminhos inversos.
O assunto é vasto quando se trata de corrupção política no Brasil. Eu poderia ficar páginas e páginas dando uma leve comentada, mas acredito que já dei a entender que com humor, essa produção brasileira nos dá uma ideia do que acontece com muita seriedade.
Acho sinceramente que vale a pena conferir! Te distrai, te faz rir e te faz pensar!
Mas que fique claro apenas uma coisa: O Humor fica apenas no filme!
Indico.
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