quarta-feira, 29 de abril de 2015


Como não perder essa mulher: Não é só um besteirol americano!

O romance de "Como não perder essa mulher" (Título original: Don Jon) te apresenta a Jon (Joseph Gordon-Levitt) um feliz solteirão que vive intensamente quando o assunto é sexo. Forte sedutor e louco por mulheres em geral, Jon é apaixonado pelo prazer a dois na cama, mas seu grande amor é a pornografia. Adepto de uma distinta filosofia, ele acredita que por mais que a verdadeira relação sexual seja boa, nada se compara à pornografia porque, segundo ele, não existem mulheres como as expostas nos sites do vasto mundo da web. Ele nunca tinha recebido um "não" até conhecer Barbara (Scarlett Johansson) que parecia ser a representação da mulher perfeita, cheia de mistérios e uma sensualidade à flor da pele. Decidido a conquistá-la a qualquer custo ele se submete a mais terrível das situações que um dia pôde imaginar: Namorar sério. É quando sua vida "perfeita" começa a tomar outro rumo e ele descobre coisas sobre si que jamais sonhou saber.


Tá legal! Quem acha que esse é mais um romance como os outros está muito enganado, nele não há nada de convencional! Geralmente os filmes românticos exploram a visão feminina da coisa, trazendo todo aquele encanto, aquela pureza do nobre sentimento e aquele mamão com açúcar que emocionam as eternas apaixonadas. Essa produção traz a ótica masculina no campo do amor e da conquista, sem aquela velha história de rosas e cartões perfumados; um romance moderno, bem adequado aos dias de hoje.

Jon é um personagem bem real, daqueles que você encontra nas noites de sábado numa boate qualquer. Eles e seus amigos buscam os prazeres que a vida noturna proporciona sem os apegos que ela pode também oferecer, e é numa noite como outra qualquer que ele avista Barbara, uma linda e intrigante mulher que fazia das outras invisíveis. Jon não perde tempo e exibe sem falha a sua lábia rotineira conseguindo a atenção e algumas liberdades da linda mulher do bar. Certo de que a noite estava ganha ele convida a moça para o grande "finale", é quando Barbara mostra que de fato, ela era diferente das garotas que era acostumado a sair.

A noite termina com outra em seus braços, mas em sua cabeça ela nunca terminou. Após mover mundos e fundos ele enfim descobre uma forma de reencontrar a dona do "não" mais assombrado de suas aventuras. Como antes, sua lábia lhe mantém no jogo, mas não é o suficiente pra marcar o sonhado gol, ele começa entender que vai precisar de muito mais pra ter o que deseja e sem que perceba se vê num desajeitado namoro; algo completamente novo.

Jon é o tipo de cara que vive uma vida noturna, mas que não abre mão das bençãos dos dias. Ele, católico "praticante", frequenta Missas e se confessa semanalmente, entregando sempre ao confessor os mesmos pecados que trazem as mesmas penitências. Ele sempre amou a segurança e o controle que a rotina lhe dava, num ciclo vicioso sem fim e sem mudanças. Vícios que despercebidos tomavam toda sua vida. Jon só obtinha o orgasmo pleno assistindo pornografia; exemplo disso são as cenas em que, depois do sexo com a mulher ainda em seus braços, ele se ausenta em silêncio e se satisfaz escondido diante de um computador; tudo terminado, ele podia voltar com um sorriso no rosto pra debaixo dos lençóis.


Vício não percebido por ele e sim por Barbara que transtornada encara aquilo como traição e pede o fim do namoro, deixando o rapaz em confusão interna. É quando ele começa a ter ciência de que o modo que sua vida segue o mantem cativo e o impede de ser feliz, de ser diferente, de progredir e de ser alguém de verdade.

Jon me fez refletir sobre algo que acredito acontecer na vida de todos; Às vezes achamos que a segurança da rotina nos faz feliz, quando na verdade é ela quem impede que a felicidade venha. Todos os momentos da minha vida em que fui muito feliz, vieram sem aviso, sem data marcada e acho que por não esperar, fui feliz. Foi o que ele começou a descobrir sobre si mesmo, aos poucos se libertando do cativeiro que ele mesmo construiu, perdendo o controle das coisas e impedido também que elas o controlassem.


Sua família, apesar de representar fortemente a típica união americana, pode se comparar também ao padrão de família do mundo; cheia de conflitos, ausências, carências e companheirismo. Teve um bom destaque que, assim como na vida real, veio pra dar explicações ao tipo de vida que Jon se via incluso; afinal, somos filhos de nossos pais. Não é o tipo de filme pra rir, não o encarei como comédia, mas não me foi possível conter as boas gargalhadas nas cenas em que a indiferente irmã de Jon, Monica (Brie Larson), apareceu inerte em seu celular (destaque em vermelho na foto). É simplesmente assim o filme inteiro! Ela não tem fala, mas seu olhar fala mais que toda a família junta, do tipo: Mas que gente mais otária! Não importa o local; se em casa ou na igreja, lá estava ela perdida e indiferente e eu do outro lado rindo como nunca. E quando ela finalmente fala, mostra aquilo que eu já desconfiava: ela era a mais inteligente da família e por isso ficava em silêncio, não tinha assunto! rs

Na suas descobertas pessoais, Jon acaba conhecendo Esther (Julianne Moore) que, mais madura, o ajuda nesse acidental novo passo que dá. Ela traz uma bagagem maior e escuridões mais profundas que o jovem rapaz, que de início, tenta se abster dela mas acaba sempre em seus conselhos. Jon enxerga nela um auxílio que pode fazer com que sua vida mude de vez e pra melhor.

Somos todos imutáveis até que mudamos! rs


Acho que a mulherada vai enxergar o universo masculino com outros olhos e vai poder compreender melhor seu parceiro! Pois em cada homem mora um pouco de Jon.

Indico.




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