segunda-feira, 20 de abril de 2015
ÊXODO - DEUSES E REIS : "Quando é que vai abrir o Mar Vermelho?"
A famosa e épica história do Êxodo hebreu narrada na Bíblia toma novas cores na superprodução estrelada por Chistian Bale que dá vida ao emblemático Moisés, responsável pela libertação do povo hebreu da escravidão egípcia. Assumindo o papel de antagonista, Joel Edgerton encarna o opressor Faraó Ramsés que aclamado como um deus em todo Egito se recusa a perder a servidão hebreia. Moisés, nascido num período de morte, é salvo pela sua família ao ser colocado num cesto às margens do Rio Nilo, que o levou até à filha do Faraó, e compadecida, o acolheu e o tornou filho com o título egípcio. Ele e seu irmão de criação Ramsés, que trazia no sangue a linhagem do trono, receberam a mesma educação e os mesmos privilégios do palácio, ambos traziam grande agrado ao então Faraó. Passado os anos, Moisés desenvolve talentos estratégicos essenciais em batalhas que conquistam o sorriso e admiração do deus do Egito ao mesmo tempo que o ciúme e inveja do seu meio irmão Ramsés, que o vê como um obstáculo para o seu sucesso. Após um inesperado assassinato, Moisés foge em culpa e medo onde dá de encontro com a Figura Divina que o escolhe como agente de seu Desejo: Libertar Seu povo. Há então o início da grande batalha entre o opressor e o redentor, de irmão e irmão, de Império e Imperador. Seu desfecho trará apenas um resultado: O Egito jamais será o mesmo.
Complicado falar de acontecimentos bíblicos, ainda mais de uma história tão complexa como a contada no livro do Êxodo, porque eles são amplamente interpretativos, vastamente exploráveis e totalmente deduzíveis. Acho que obtenho uma concordância geral quando afirmo que a Bíblia te oferece os detalhes essenciais pra que seja compreensível a mensagem desejada, mas não se atém aos pormenores e é aí que nos aventuramos. Foi o que aconteceu nessa produção.
Uma diferente visão dos acontecimentos foi exibida, com base nos pormenores não fornecidos. Pouco se fala da infância de Moisés ao lado de seu meio irmão, e diferente da história bíblica o filme mergulha no não contado e trabalha numa rivalidade entre irmãos que movimenta o filme e distingue de imediato seus papéis na trama.
Deixando a Figura Divina em segundo plano, a aposta do filme gira em torno dos dois irmãos que lutam por ideais opostos, defendendo cada um aquilo que acha certo. Moisés a libertação de seu povo e Ramsés a continuação de seu Império.
Deus, ainda que não tão em foco, foi retratado por um menino mimado, impiedoso e que mal se aguentava de vontade de flagelar o Egito. Não foi com gosto que recebi essa imagem e isso me incomodou no mesmo instante. Gostei da ideia de uma criança vir em sua forma, mas as atitudes não me pareciam de um Deus. Com base na minha fé, e tendo propriedade nela pra salientar, entendo que o Deus lido nos primórdios apresentava uma figura mais hostil, mas sem traços tipicamente humanos tão eloquentemente mostrados no jovem menino, duro com as palavras e sedento pela ruína egípcia.
Os efeitos visuais no entanto, são de tirar o fôlego. As pragas do Egito são exibidas de forma curiosa e criativa, como por exemplo o massacre voluntário dos crocodilos no Rio Nilo, mudando sua cor, transformando-o em uma enorme poça de sangue.
Apesar da grande história e do extenso material oferecido para uma boa trama, achei cansativa as inúmeras cenas recheadas de monótonos diálogos. Destaco em especial a cena em que Moisés foge para o deserto. O filme parecia já ter alcançado duas horas e tínhamos concluído a metade da narrativa. Quando no íntimo do meu pensamento chegava a exaustão, uma amiga na poltrona ao lado me arranca o riso compartilhando da mesma fadiga, comentando: "E o Mar Vermelho nem abriu ainda!". Percebi algo de errado antes mesmo do início da sessão que se apresentava relativamente vazia. Presságio.
Mas, por fim, o Mar Vermelho se abriu! Eu sorri.
Alerta: Se você não aprovou "Noé", devo informar que "Êxodo: Deuses e Reis" tem por pais a mesma genética.
Não indico.
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